domingo, 22 de julho de 2012

As funções sociais da arte

Mas a arte pode não ser vista na sua globalidade, se analisada apenas de um ponto de vista individualista. A arte é também uma expressão social e existe inevitavelmente como parte da cultura. Como o indivíduo é sempre uma criatura da sociedade e filho de uma cultura, a arte ipso facto serve tanto aos interesses sociais como às necessidades, tanto individuais como sociais. A arte está intimamente ligada à religião, à magia e à política. Ela não pode deixar de expressar e refletir as relações e os sistemas sociais. Pode servir para mantê-los, como a arte na Renascença tão admiravelmente serviu o cristianismo medieval. Ou como se espera que a arte na Rússia desperte sentimentos socialistas nos cidadãos soviéticos. Ela pode também visar sua destruição, como tem feito a arte de protesto em várias ocasiões na história recente, e como o faz a arte anarquista contemporânea daqueles que afirmam que a civilização moderna é tão falsa e inexpressiva que o artista só pode ridicuralizá-la, esperando causar a sua ruína.

Segundo as palavras de Alan P. Merriam:

Através dos elementos humanísticos de sua cultura, o homem parece estar fazendo um comentário mordaz sobre a maneira como vive; parece que ele, nos seus atributos humanos, resume o que pensa da vida (...) comentado-se a si próprio e expondo e interpretando suas ações, suas aspirações e seus valores.

Nas sociedades mais primitivas, a arte é uma expressão da visão do mundo e uma serva da religião.


Antropologia Social e Cultural
E. Adamson Hoebel e Everett L. Frost
Ed. Cultrix