A ciência, no curso de suas pesquisas e descobertas, estabelece roteiro exato e sistemático; a arte, não obstante a plena liberdade de que goza, tem também leis, observações acumuladas, roteiro cultural e disciplina técnica. Se assim não fosse estaria ao alcance de todos exercê-la, sem o mínimo esforço através de penosos anos de estudos.
Platão, já definiu o belo como o esplendor do verdadeiro, deixando aproximação e certa analogia entre a beleza e a verdade. O que o filósofo está mostrando é que o belo é o mais característico e fiel, o exemplar autêntico numa coleção, grupo, ordem.
Não leva isto a pensar que a arte seja uma cópia fiel da natureza, como concebia Aristóteles. Absolutamente não. A natureza, entretanto, é o elemento fundamental. Estando sempre sob a nossa vista ou imaginação, influi na realização da obra de arte, ainda concebida a arte, como pura intuição.
Falando de ciências e de arte, não devemos esquecer dois grandes eventos passados no Brasil. Manet, deslumbrado com a luminosidade da baia da Guanabara, descobre novos elementos para o impressionismo e Hartt, escreve "a origem da arte ou evolução da ornamentação", primeiro ensaio científico do agrado ou desagrado da peercepção da imagem, em razão da fisiologia.
O sentido do belo, é inato, e a fisiologia humana não pode ser mudada diante de qualquer artifício.
Haja a vista os concursos de beleza. Tudo isto, vem a propósito de uma pretendida nova concepção do belo, particularmente, nas belas artes, que parece prenunciar o declínio de uma civilização.
Há, realmente, arte moderna, bela e nobre. Há, porém, paralelamente um surto de improvisações sob a mesma denominação. Com isso, fica o expectador atônito e a mocidade desorientada.
Porciúncula de Moraes
Estética Desfigurada
