Os romanos, naturalmente, conheciam a maioria dos instrumentos dos povos orientais mas usavam, principalmente, a cítara e a lira dos gregos. A tíbia era idêntica ao aulos, a flauta grega; a fístula uma espécie de oboé. Para usos militares na infantaria havia: tubas (pistão comprido), para ataques e retiradas; cor -- nu (espécie de trompa), feita de corno, depois de bronze, em forma curvada quase em semicírculo, usada para levantamento do campo; buccina (espécie de pistão em forma circular) para anunciar a vígilia. Os músicos eram chamados, de acordo com seus respectivos instrumentos de tubicines, cornicines ou bucinatores. A cavalaria usava o lituu, corneta comprida de tubo estreito, em cuja ponta se ajustava um chifre natural, dando-lhe aspecto de cajado.
Com a difusão do cristianismo processam-se profundas alterações no Império Romano. Nos primeiros séculos, os cristãos sofreram ferozes perseguições, visto que a nova doutrina religiosa era considerada subversiva e perigosa à segurança do Estado.
Foi nessa época que viveu Santa Cecília, nobre jovem romana. Provavelmente, cantava acompanhando-se com algum instrumento, porém não o orgão como alguns afirmam. Por ser cristã e ter induzido o esposo, o princípe Valeriano, e o irmão, a nova religião, sofreu martírio e foi decapitada em 178 na Sícilia (antes se dava o ano de 230 e a cidade de Roma como lugar da morte). Sua vida logo se transformou em lenda, seu corpo teria se conservado intacto até 812 quando foi encontrada pelo papa Pascoal I. Canonizada, tornou-se a padroeira dos músicos e da música sacra. Na liturgia católica é o dia 22 de novembro consagrado a Santa Cecília.
Os cantos dos primeiros cristãos derivam de melodias hebraicas, gregas e romanas. A partir de 313, ano em que o imperador Constantino concedeu liberdade aos cristãos, progride o canto religioso.
Santo Ambrósio, bispo de Milão de 374 a 379, é o primeiro a organizar o canto em sua diocese, introduzindo também o hino de ação de graças que, com o decorrer do tempo, irá se transformar em uso generalizado, como o Te Deum.
São Gregório Magno, papa de 590 a 604, estendeu a toda a Igreja o que Santo Ambrósio realizara em duas diocese. Cordenou os cantor litúrgicos, hinos e responsórios, provavelmente agregando alguns novos, de sua autoria, em um livro chamado Antifonário. Fundou ainda a primeira escola de canto a Schola Cantorum. Em virtude de seu nome, o canto cristão passou a se chamar Canto Gregoriano. As princípais características do canto gregoriano são: monodia (canto a uma voz), diatonismo, ritmo livre e texto em latim. Em português também é conhecido com a denominação de cantochão por ser um canto plano, isto é, melodia monótona e de pouca extensão vocal.
Luis Ellmerich
História da Música