sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O que entendemos por "Estilo"?

Acredito que o impulso irreprimível dos críticos em prover os movimentos contemporâneos de etiquetas estilísticas aumentou ainda mais a tão difundida falta de compreensão para com as forças dinâmicas de inovação que atuam na arquitetura e no planejamento de hoje. Nosso objetivo era o de introduzir uma nova posição, um novo método, não um novo estilo. Um 'estilo' é a forma de expressão constantemente repetida de um período, cujo fundamento, culturalmente saturado, permite a criação de um 'denominador comum'. A tentativa de tentar classificar arte e arquitetura, e com isso reprimi-las, por assim dizer, enquanto ainda se acham em formação, sufoca as forças criativas em lugar de estimulá-las. Nossa época nos obriga a repensar toda a nossa forma de vida; a antiga sucumbiu sob o impacto da máquina, a nova ainda está em formação. Nesta situação, depende de nós desenvolvermos a capacidade para um crescimento flexível, que seja adaptável às condições de vida em mudança, em vez de perseguirmos motivos formalísticos de 'estilo'.

E como pode ser enganoso este tipo de terminologia apressado! Basta analisar mais de perto a infeliz expressão 'Estilo Internacional'. Em primeiro lugar, não se trata aqui de um 'estilo', pois tudo ainda se acha em desenvolvimento, em segundo lugar a palavra 'internacional' não corresponde, pois a tendência desse movimento é exatamente a de colher seus elementos formais em condições regionais derivadas do clima, da paisagem, dos costumes dos habitantes, sem cair, no entanto, em um 'estilo pátrio' sentimental.

Na minha opinião, 'estilos' só deveriam ser determinados pelo historiador com respeito ao passado. Não possuímos no presente o necessário distanciamento para medir os fatos objetivamente. A vaidade humana e os ciúmes turvam a visão. Por que não deixamos para o futuro historiador da arte a tarefa de esclarecer a história do desenvolvimento da arquitetura atual, enquanto nós nos lançamos ao trabalho de fazê-la crescer primeiro? Estou certo de que em uma época na qual os espíritos de liderança tentam ver os problemas humanos universais como inseparavelmente ligados uns aos outros, todo preconceito chauvinista com todo respeito à participação nesse desenvolvimento só pode ter efeito restritivo. Por que, então, quebrar a cabeça com problemas como o de saber quem influenciou quem, se na verdade se trata apenas de saber se os resultados melhoraram ou não a vida? De qualquer forma, somos mais influenciados uns pelos outros, devido ao rápido progresso dos meios de comunicação e de intercâmbio, do que os arquitetos dos séculos passados. Deveríamos saudar esse fato, pois ele enriquece e promove o desenvolvimento de uma base comum de entendimento que nos falta. Por isso, sempre tentei estimular meus alunos no sentido de se deixarem influenciar pelas idéias de outros, enquanto se sentissem capazes de aceitá-las interiormente, para depois enquadrá-las em um contexto que correspondesse às suas próprias concepções.

Walter Gropius
Bauhaus: Nova Arquitetura (p132-133)
Ed. Perspectiva