quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta aberta

A arte contemporânea é vazia, não porque os artistas não tenham capacidade de criar novos significados, mas porque inconscientemente sabem que o produto do conhecimento dos pensadores sempre serviu de solução para as crises dos sistemas, que, não tendo capacidade de resolver sua situação política, se utilizaram da conceituação criada pelos intelectuais e artistas. Assim como, no passado, os bárbaros, ao tomarem de assalto o início de uma civilização, chamavam os monges para criarem um alfabeto a fim de legitimar seu poder e dominar a língua local, que tinha que se refugiar no dialeto. O alfabeto é o instrumento mais cruel de domínio que o homem já criou, assim como a desconstrução criada pela vanguarda contribuiu para o esvaziamento do pensamento de nosso tempo. Graças à inconsistência da arte contemporânea, o Estado mais empresarial entra em contradição, ao estatizar suas maiores empresas. O importante para a história hoje é uma leitura do inconsciente dos fatos, numa busca da independência do simbólico, sendo atingido pelo subliminar do conceitual. Um exemplo dessa importância veio do uso da bomba atômica, que interrompeu o fluxo da história da guerra, que teve que continuar com o nome de “Guerra Fria” até que se atingisse a maturação natural do conflito mundial. Foi justamente a Primeira Guerra Mundial que deu uma universalização à psicologia; e a segunda, à psicanálise.
A arte abstrata tende a apagar os vestígios de autoria na proporção inversa em que as instalações têm necessidade de deixar o rastro de um registro.
(Wlademir Dias-Pino, julho de 2009)